PORTO...A MINHA CIDADE(SAUDADE)
quinta-feira, 4 de junho de 2015
" AI... SE ESSA RUA..."
Há ruas e ruelas
Calçadas e vielas
Pedras sem calçada
(lembranças da calçada à portuguesa)
Recordações...
Corpos feitos ruas
Ruas feitas corpos
Caminhos percorridos
Ousados e atrevidos
Naqueles beijos roubados
Às escondidas nos portais
Ou mesmo nos beirais
Nas ruas que o tempo não apaga
Memórias talvez enfraquecidas
Mas jamais esquecidas
Vontades de um...
Ser que se quis ou não
Folhas que estalam debaixo dos meus sapatos
Neste calcorrear do caminho
E o apregoar das castanhas
"Quentes e boas"
Cujo cheiro
Me inebria as entranhas
Faz-me sentir no peito
Na alma rasgada
Que meu coração nunca foi roubado
Nem nele depositado
Pedrinhas de esmeraldas
Nem pétalas de rosa
Espinhos, sim...Muitos
Que me enfraqueceram os anseios
E nestes ventos já cansados
Em esperançosos devaneios
Num deslizar de pena
Em Dó menor de uma Sonata
Sinto o calor da...
Lenha que crepita
Em sonhos desgastados
Alma que grita
Ai se essa rua fôsse tua
...Mesmo minha...
OU...
Se eu fôsse essa rua
Cairia uma furtiva lágrima...
Numa saudade sem fim
Hoje... Silenciosa
Vazia de mim
AUTORA: LOURDES S.
" QUERO GRITAR "


" MEMÓRIAS DE OUTRORA "
E, naquela casa, defronte aqueles bairros, que hoje existem
Em 1958...
Nasceu
Aquela menina e moça
Mais tarde, de longas tranças pretas
Transformadas
Num, hoje, de saudade
Saudade de tempos idos
De sonhos desvanecidos
De vontades imploradas
De memórias alargadas
Do sonho, chamado...
Vida
Nasceu...
Entre ais e lamentos
Mais tarde, sofrimentos
De uma memória esquecida
Ai quem me dera
Prolongar...
A vida!
E dizer...
Hoje, renasceu!
AUTORA: LOURDES S.
" A FREGUESIA DA SAUDADE"
Ai que saudade eu tenho de ti
Minha freguesia de amor
E mesmo, pedaços de dor
E quantas vezes eu rezei
E também implorei
no mês de Nª. Senhora
E quando o padre esquecia
Lá ia a minha voz
AVÉ Maria...
E tremendo, julgando que não sabia
E um sorriso vindo do padre
Por o ter ajudado a dizer
AVÉ Maria
Oh...
Avé Maria
Cheia de Graça
Que alcanças meu seio
nesta bendita graça
E o padre
Daquela época
meu amigo
Ai como me lembro
De quantos almoços
E de quantos terços
Rezados
Cantados
No mês de Maria
E uma voz de tenor
Surgia
Na noite
Em esplendor
Por amor
Numa Ave Maria, sagrada
Consagrada
Na voz de meu pai
Oh...
Tristemente a morte o levou
Mas, para sempre, em meu coração
Vivo...
Eternamente...Ficou
AVÉ Maria
Cheia de Graça
o tempo tudo leva
Mas em mim
Para sempre, fica
Tua graça!
AUTORA: LOURDES S.
" O OUTONO E A MINHA CIDADE "
Fecho os olhos
Apetece-me deitar neste prado de fantasia
Onde a tela se pinta numa mistura
Em aguarelas de castanhos, amarelos e vermelhos
É assim este Outono em que me deito e descanso
E no imaginário, busco o fogo que minha alma consome
Num inventar de emoções
Num turbilhão de sensações
Ao longe ouve-se o tradicional homem
Quentes e boas...ó senhora são só 2 euros
Venha comprar
Aquele cheirinho inebriava-me
Vagarosamente, meus passos escutam-se sobre as folhas já caídas
E debruçadas nas pedrinhas da rua
Calçada?
Nem vê-la de tão cinzenta e triste
Olho este chão...Ai que saudade da minha velha calçada à portuguesa
Quis recuar, mas aquele cheirinho...
Chamava por mim
Já de cartuchinho na mão, sento-me nesta cadeira fria
Olho a minha cidade, através de uma avenida que outrora já foi bonita.
Trazia nos olhos as flores de Maio
E os beijos dos enamorados
E naqueles bancos
Quantos idosos cansados
Respiravam um pouco de ar
E sorriam aos jardins perfumados de outrora
E a noite...
Oh a noite vibrava no esplendor do luar
Quantas declarações de amor
E cartas escritas ao vento
Nas folhas que não eram precisas, inventar
E eu agora, quedo-me a pintar a minha cidade
Nesta tela de um emaranhado de vontades
De luzes cintilantes
De cores cinzentas
De vazios
De Nadas
AUTORA: LOURDES S.
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