quinta-feira, 4 de junho de 2015

OS SANTOS POPULARES E O MÊS DE JUNHO

" AI... SE ESSA RUA..."

Há ruas e ruelas Calçadas e vielas Pedras sem calçada (lembranças da calçada à portuguesa) Recordações... Corpos feitos ruas Ruas feitas corpos Caminhos percorridos Ousados e atrevidos Naqueles beijos roubados Às escondidas nos portais Ou mesmo nos beirais Nas ruas que o tempo não apaga Memórias talvez enfraquecidas Mas jamais esquecidas Vontades de um... Ser que se quis ou não Folhas que estalam debaixo dos meus sapatos Neste calcorrear do caminho E o apregoar das castanhas "Quentes e boas" Cujo cheiro Me inebria as entranhas Faz-me sentir no peito Na alma rasgada Que meu coração nunca foi roubado Nem nele depositado Pedrinhas de esmeraldas Nem pétalas de rosa Espinhos, sim...Muitos Que me enfraqueceram os anseios E nestes ventos já cansados Em esperançosos devaneios Num deslizar de pena Em Dó menor de uma Sonata Sinto o calor da... Lenha que crepita Em sonhos desgastados Alma que grita Ai se essa rua fôsse tua ...Mesmo minha... OU... Se eu fôsse essa rua Cairia uma furtiva lágrima... Numa saudade sem fim Hoje... Silenciosa Vazia de mim AUTORA: LOURDES S.

" QUERO GRITAR "

Quero gritar à minha cidade Que estou triste Por ver, tamanha tristeza Onde está a calçada da rua à portuguesa? Olho teu chão Cinzento...Triste como breu Nem jardins Nem flores Só bancos desnudados e seres Cujos lamentos são ais De um triste viver Que é feito de ti oh minha cidade? Tu que tantas vezes viste E pressentiste A minha verdade E eu grito por ti OH PORTO Minha tão triste cidade Grito lamentos Silenciosos sofrimentos Grito verdades Ai... Ai que saudades Eu, tristemente, tenho de ti. Oh Porto... Que de ti é feito? OH Porto Neste contrafeito Eu te grito A minha saudade SIM! Nostálgica verdade Que quero escrever Na tua calçada Bem à portuguesa Que... Jamais existe, nesta certeza. Viva o Porto E a sua tristeza!!!! Quero gritar... SIM...QUERO GRITAR Um Porto Este Porto Na saudade De uma certeza E, num lamento, chorar Este Porto, que é um Porto Bem à Portuguesa AUTORA: LOURDES S.

" MEMÓRIAS DE OUTRORA "

E, naquela casa, defronte aqueles bairros, que hoje existem Em 1958... Nasceu Aquela menina e moça Mais tarde, de longas tranças pretas Transformadas Num, hoje, de saudade Saudade de tempos idos De sonhos desvanecidos De vontades imploradas De memórias alargadas Do sonho, chamado... Vida Nasceu... Entre ais e lamentos Mais tarde, sofrimentos De uma memória esquecida Ai quem me dera Prolongar... A vida! E dizer... Hoje, renasceu! AUTORA: LOURDES S.

" A FREGUESIA DA SAUDADE"

Ai que saudade eu tenho de ti Minha freguesia de amor E mesmo, pedaços de dor E quantas vezes eu rezei E também implorei no mês de Nª. Senhora E quando o padre esquecia Lá ia a minha voz AVÉ Maria... E tremendo, julgando que não sabia E um sorriso vindo do padre Por o ter ajudado a dizer AVÉ Maria Oh... Avé Maria Cheia de Graça Que alcanças meu seio nesta bendita graça E o padre Daquela época meu amigo Ai como me lembro De quantos almoços E de quantos terços Rezados Cantados No mês de Maria E uma voz de tenor Surgia Na noite Em esplendor Por amor Numa Ave Maria, sagrada Consagrada Na voz de meu pai Oh... Tristemente a morte o levou Mas, para sempre, em meu coração Vivo... Eternamente...Ficou AVÉ Maria Cheia de Graça o tempo tudo leva Mas em mim Para sempre, fica Tua graça! AUTORA: LOURDES S.

" O OUTONO E A MINHA CIDADE "

Fecho os olhos Apetece-me deitar neste prado de fantasia Onde a tela se pinta numa mistura Em aguarelas de castanhos, amarelos e vermelhos É assim este Outono em que me deito e descanso E no imaginário, busco o fogo que minha alma consome Num inventar de emoções Num turbilhão de sensações Ao longe ouve-se o tradicional homem Quentes e boas...ó senhora são só 2 euros Venha comprar Aquele cheirinho inebriava-me Vagarosamente, meus passos escutam-se sobre as folhas já caídas E debruçadas nas pedrinhas da rua Calçada? Nem vê-la de tão cinzenta e triste Olho este chão...Ai que saudade da minha velha calçada à portuguesa Quis recuar, mas aquele cheirinho... Chamava por mim Já de cartuchinho na mão, sento-me nesta cadeira fria Olho a minha cidade, através de uma avenida que outrora já foi bonita. Trazia nos olhos as flores de Maio E os beijos dos enamorados E naqueles bancos Quantos idosos cansados Respiravam um pouco de ar E sorriam aos jardins perfumados de outrora E a noite... Oh a noite vibrava no esplendor do luar Quantas declarações de amor E cartas escritas ao vento Nas folhas que não eram precisas, inventar E eu agora, quedo-me a pintar a minha cidade Nesta tela de um emaranhado de vontades De luzes cintilantes De cores cinzentas De vazios De Nadas AUTORA: LOURDES S.